No cenário contemporâneo global, a energia solar fotovoltaica desponta como uma das soluções mais promissoras para a crise energética e ambiental que enfrentamos. Já é de conhecimento comum que essa fonte sustentável é vantajosa para o planeta no sentido em que gera energia limpa e renovável, ajudando a humanidade a reduzir o uso dos combustíveis fósseis. No entanto, para que promova benefícios em todo o seu ciclo de vida (vale ressaltar aqui que um sistema fotovoltaico tem vida útil de cerca de 30 anos ou mais), é necessário que a desativação de qualquer usina, seja de grande ou pequeno porte, comercial ou residencial, seja feita de forma adequada, em respeito ao meio ambiente.
Assim, este artigo explora a importância e os métodos de descarte consciente dos materiais de usinas fotovoltaicas, assegurando que nosso compromisso com o planeta seja mantido do início ao fim.
O Desafio do Descarte
O processo de desativação e descarte de uma usina solar fotovoltaica é multifacetado, envolvendo desde a remoção cuidadosa de sistemas até a restauração do local. Confira, a seguir, alguns passos básicos referentes ao tratamento de materiais:
- Avaliação e Desmontagem Cuidadosa: Tudo começa com uma avaliação cuidadosa das instalações e dos materiais a serem descartados. A desmontagem deve ser realizada por profissionais treinados para garantir que todos os componentes, especialmente aqueles que contêm materiais potencialmente prejudiciais, como o chumbo em algumas baterias, sejam manuseados com o máximo cuidado.
- Separação e Classificação: Após a desmontagem, os materiais devem ser separados e classificados. Metais, plásticos, vidros e componentes eletrônicos devem ser divididos para maximizar as oportunidades de reciclagem. Este passo é crucial para garantir que cada material seja encaminhado para o processo de reciclagem mais adequado.
- Reciclagem e Reaproveitamento: Os materiais classificados devem ser então enviados para parceiros de reciclagem especializados. Metais como o alumínio e o cobre presentes nos painéis e estruturas são totalmente recicláveis e podem ser reutilizados em uma variedade de aplicações. O vidro e os plásticos também devem ser reciclados, enquanto os componentes eletrônicos devem passar por processos específicos para extrair materiais valiosos e garantir que qualquer resíduo tóxico seja devidamente tratado.
Por que os processos de descarte devem ser muito bem estruturados e difundidos hoje? Conforme apontado em um estudo da Greener (2024), espera-se que, nas próximas três décadas, aproximadamente 550 mil toneladas de módulos sejam descartadas no País, destacando a urgência de abordagens sustentáveis para o gerenciamento de resíduos.
Essa mesma pesquisa da Greener junto a integradores revela como o descarte, apesar da pequena escala, já tem sido feito no Brasil. 59% dos integradores respondentes já tiveram experiência com equipamentos danificados ou quebrados e 38% descartam o equipamento devolvendo-o ao distribuidor ou ao fabricante. Confira os gráficos abaixo:
Procedimentos de descarte adotados quando um equipamento FV é danificado ou quebrado:
Número de módulos descartados em 2023:
Caminhos para um Descarte Responsável
A legislação europeia, através dos "Regulamentos de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (WEEE)", e iniciativas voluntárias como o PV CYCLE, demonstram práticas eficazes na reciclagem e no descarte apropriado desses materiais. No Brasil, a Lei 12.305/2010 (Política Nacional dos Resíduos Sólidos) já estabelece diretrizes importantes, mas ainda há muito a ser feito, especialmente no que diz respeito à regulamentação específica para o setor solar fotovoltaico.
A colaboração entre governos, empresas e instituições de pesquisa é crucial para desenvolver tecnologias de reciclagem avançadas e encontrar novos usos para materiais reciclados. Este esforço conjunto não apenas reduzirá o impacto ambiental do descarte mas também fortalecerá a cadeia de valor da energia solar, tornando-a verdadeiramente sustentável.
Na Inovacare Solar, a sustentabilidade é um compromisso que vai além da entrega de soluções em energia solar. Apesar do ainda baixo volume de desativações de usinas neste mercado que cresce a passos largos, trabalhamos ativamente para promover o descarte responsável e a reciclagem de materiais, conscientes de nosso papel na proteção do meio ambiente e na construção de um futuro mais verde.
Fonte: Greener. Estudo Estratégico 2024. São Paulo: Greener Tecnologia e Pesquisa, 2024.