A COVID-19 e o Mercado Internacional
As duas últimas décadas têm sido de crescimento espetacular para o setor de energias renováveis no mundo, marcado pelo surgimento de grandes fabricantes globais e pela expressiva contribuição ao meio ambiente. Com sérios objetivos climáticos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e adotar práticas sustentáveis, faz-se necessário acelerar ainda mais a disseminação das energias limpas. No entanto, com a pandemia do coronavírus, o progresso dos mercados deve perder fôlego se os governos não atuarem rapidamente.
O impacto da crise sobre o setor dependerá de dois fatores: a duração das medidas de distanciamento social adotadas em diferentes países e a agilidade e a qualidade dos pacotes emergenciais de estímulo à economia.
A queda de custos e as políticas de incentivo tornaram as energias renováveis cada vez mais atraentes e acessíveis em inúmeras nações. Os desafios lançados agora pela COVID-19 para o mercado mundial são: interferências na cadeia de produção e entrega dos produtos, com consequente atraso na entrega de projetos; o risco de não conseguir se beneficiar de incentivos governamentais que estejam disponíveis apenas este ano; e a provável queda do investimento no setor devido à pressão sobre os orçamentos públicos e privados combinada às incertezas quanto à demanda energética futura.
Mais do que nunca, os governos terão um papel fundamental no ritmo do desenvolvimento do mercado de energias renováveis, sendo imprescindíveis os pacotes de estímulo à economia, que devem considerar o potencial do setor na criação de empregos, no giro econômico e na proteção ao meio ambiente, tema cada vez mais urgente.
A COVID-19 e o Mercado Interno
O setor de energia fotovoltaica já sente os impactos da crise no Brasil. A Greener revela, em pesquisa realizada entre os dias 19 e 24 de março de 2020, que houve uma taxa de 71% de perda de negócios por desistência ou adiamento; mais de 80% de redução no interesse em adquirir um sistema fotovoltaico; impacto negativo da alta cambial sobre os custos dos equipamentos, sentido especialmente no segmento de Geração Distribuída; e dificuldades impostas por restrições logísticas. Com mais de 70% das empresas trabalhando em home-office, o caixa é hoje a principal preocupação do setor.
Os players do mercado brasileiro, sejam integradores, instaladores, distribuidores ou fabricantes, devem agora se mobilizar para enfrentar a crise e sair dela não apenas vivos, mas fortalecidos. Para isso, é necessário agir com racionalidade frente às incertezas. Seguem algumas dicas:
- A segurança e a saúde das pessoas devem vir em primeiro lugar, então siga todas as boas práticas recomendadas pelos órgãos de saúde; privilegie o home-office para todos, especialmente no caso de colaboradores em grupos de risco; e adote a quarentena para quem apresentar quaisquer sintomas de gripe.
- Faça um levantamento dos riscos existentes e trace um plano para minimizar os impactos de cada um deles.
- Ponha na ponta do lápis todos os custos fixos e variáveis da empresa e procure reduzir ou cortar gastos desnecessários.
- Procure adiantar os recebimentos através de estratégias de negociação, oferecendo descontos ou benefícios aos clientes em contrapartida.
- Negocie com fornecedores condições realistas de pagamento, de modo que você tenha a certeza de poder honrar com seus compromissos. As opções de financiamento podem ser uma boa alternativa.
- Procure se beneficiar das medidas de proteção econômica lançadas pelo Governo. Há alternativas para diferentes tipos e portes de empresas e elas podem ser conferidas no site: https://www.gov.br/economia/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/covid-19.
- Não deixe sua marca ser esquecida. Utilize as redes sociais e outros meios digitais para alcançar e apoiar seu público. Há cursos online sobre marketing digital que podem ser muito úteis e alternativas com nenhum ou muito pouco investimento.
- Invista em sua equipe, incentivando a participação em treinamentos online para tornar sua empresa mais ágil, eficiente e econômica quando a crise acabar.
As crises são um convite à mudança e a adaptação nos torna mais fortes. Tenha como meta o desenvolvimento corporativo, com novos canais de atendimento, estratégias mais eficazes de divulgação, planejamento e controle financeiro mais rígidos e processos mais otimizados. Enfim, que saiamos não apenas vivos, mas melhores.
Fontes: International Energy Agency e Greener