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Analisando Propostas de Sistema Solar: Potência e Overload

29/09/2023

Analisando Propostas de Sistema Solar: Potência e Overload

A energia solar cresce a passos largos no Brasil e no mundo. A cada dia, mais e mais pessoas se sentem motivadas a aderir a essa fonte sustentável devido aos inúmeros benefícios, como economia na conta de luz, proteção contra a inflação energética, previsibilidade de custos, autonomia e sustentabilidade.

Encontrar empresas de integração para fornecer um sistema fotovoltaico é tarefa fácil, pois há muitos players no mercado e a concorrência está acirrada. Para quem está empolgado com a possibilidade de transição energética, o sol parece brilhar mais quando chegam as primeiras propostas, oferecendo condições e até descontos incríveis. Quando você começa a analisar o escopo mais a fundo e a fazer comparações, é aí que surgem as dúvidas e o tempo fecha. Quais são os dados mais importantes a considerar? Por que alguns preços são consideravelmente menores? Será que os geradores fotovoltaicos ofertados são equivalentes tecnicamente? Será que conseguem entregar a geração solar que minha residência ou empresa demanda?

Como, apesar do rápido retorno, o investimento em energia solar é relativamente alto, simplesmente não dá para ignorar as diferenças entre as propostas, optando pelo orçamento mais baixo. Afinal, ninguém está rasgando dinheiro no Brasil, não é mesmo?

Para que o consumidor possa ter a certeza de que fará um bom negócio, preparamos este artigo sobre o primeiro e um dos principais pontos a ser avaliado numa proposta de sistema solar fotovoltaico: a potência total do sistema ofertado, que deve corresponder à necessidade total do consumidor.

 

Há duas potências que influenciam a potência total:

  • Potência total dos painéis solares, que é igual à soma de todas as potências individuais de cada painel e geralmente apresentada em kilowatt (kW).
  • Potência total dos inversores, que é a soma das potências de saída (AC) de cada inversor do sistema, geralmente apresentada em kilowatt (kW).

 

Em geral, a potência de saída dos inversores deve ser igual ou maior do que a potência total dos painéis solares. Isso é necessário para que o sistema consiga entregar para a rede elétrica 100% da energia gerada pelos painéis solares.

No entanto, há algumas situações, justificadas tecnicamente, em que a potência dos painéis pode ser maior do que a potência dos inversores. Essa configuração é conhecida como overload.

Overload é uma técnica usada para aumentar a energia entregue à rede sem aumentar a potência total de saída dos inversores do sistema. Ela é usada em casos particulares, que não vamos tratar aqui, e envolve cálculos, levando em consideração as tensões e correntes nominais e máximas dos painéis e inversores, bem como o histórico de temperaturas mínimas e máximas do local da instalação, dentre outros fatores. Para que você entenda melhor como funciona o overload, a seguir, vamos detalhar o processo.

Quando um profissional habilitado dimensiona um sistema solar fotovoltaico, ele calcula a potência máxima que o sistema deve atingir para gerar a energia em kWh suficiente para suprir a demanda de consumo anual da propriedade (potência desejada, solicitada pelo cliente).

Ele, então, calcula o número de painéis necessários para atingir essa potência, que deve ser entregue à rede. Isso significa que a potência total dos inversores deve ser, no mínimo, igual à potência total dos painéis.

Caso o projetista entenda que há um potencial de geração adicional (que pode ou não se realizar) e pretenda aumentar a energia gerada, sem aumentar a potência dos inversores, ele pode fazer uso da técnica de overload, que consiste em aumentar o número de painéis até um limite seguro. Isso faz com que a potência total dos painéis seja maior do que a potência total dos inversores, aumentando também o preço do sistema devido ao maior número de painéis.

O problema não é a prática do overload em si, mas como ela é feita, pelo menos no Brasil, por muitas empresas do setor solar fotovoltaico.

O que muitos fornecedores fazem, para apresentar um preço menor, é um “overload às avessas”. Como assim? Já vamos explicar: eles calculam a potência total dos painéis (potência desejada pelo cliente) e, depois, especificam uma potência menor de inversor (o que eu, particularmente, chamo de “underload”).

Em determinadas horas do dia, ou a depender da época do ano, quando a radiação solar é mais baixa, a energia gerada pelos painéis é totalmente entregue à rede pelos inversores. Porém, quando essa energia atinge ou ultrapassa a potência AC nominal do inversor, o mesmo deixa de entregar toda a energia para a rede, limitando a mesma à sua potência AC nominal (clipping). Nesses casos, a energia excedente simplesmente não é gerada ou, o que é pior, é dissipada pelo inversor na forma de calor.

Estudos realizados na Europa mostram que essa diferença de potência entre painéis e inversores, que lá é no máximo de 10%, acaba diminuindo a vida útil do inversor. Pasme, mas, no Brasil, é comum achar sistemas com até 50% a mais de potência de painéis do que de inversores.

Fica a importante lição: o overload às avessas, ou feito sem cálculos criteriosos, impede o sistema de atingir o potencial de geração e reduz a vida do inversor.

Daí a importância de se comparar a potência total dos painéis com a potência total dos inversores ofertados em uma proposta comercial de sistema de energia solar fotovoltaica.

No fim das contas, são essas potências que definirão a energia de fato gerada pelo seu sistema solar, responsável por suprir a demanda elétrica da sua residência ou negócio.

 

Se tiver dúvidas, pode deixar nos comentários.

 

Carlos José Piereti Rodrigues | Engenheiro Elétrico

CMO na Inovacare SOLAR

 

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